quarta-feira, 15 de abril de 2009

Entrevista ao Blog Implicação Marginal


Entrevista com Crônica - Mais um elo na corrente.
Quem não conhece Castelo de Madeira, Brinquedo Assassino ou a Sopra Lobo Mal?
Clássicos incontestáveis do Rap Nacional. Músicas que mudaram o formato do Rap convencional, que perderam com o tempo essência e significado. O que estas músicas tem em comum? Todas elas pertencem à um único grupo; Revelado pelo grande G.O.G. Uma das grandes personalidades do hip-hop brasileiro. A Família vem construindo sua história, conquistando cada vez mais espaço e respeito perante ao público. Crônica, Gato Preto, DJ Bira e Dêmis Preto Realista formam esse time ou melhor essa Família. Crônica Mendes integrante do grupo, fala em entrevista exclusiva ao blog Implicação Marginal sobre seus projetos pensamentos postura e influência.
Confira!

Por quê "Crônica"? Qual a origem desse Pseudônimo??
O nome Crônica vem da Bíblia, está é a origem do meu nome. Já nem o considero como pseudônimo, entende. A vida em si é uma crônica, todo santo dia é uma crônica.

Fora dos palcos, quem é o Crônica??
Sou um observador, uma pessoa atenta aos pequenos detalhes do dia a dia, valorizo muito isso, detalhes que fazem toda diferença. O simples, mas não simplório. Gosto muito de conversar sobre música, saber o que está acontecendo com a música no mundo a fora, saber o que está acontecendo pelo mundo a fora. Gosto de aprender com as pessoas, por isso eu as observo bastante.

A Família 2009, o que o publico pode esperar para o próximo ano?
Tudo vai acontecer de acordo com tempo, mas podem esperar boa música, bons shows. “A Família” estará mais próxima de vocês. Acompanhe as notícias em nosso site (www.afamiliarap.com.br). A qualquer momento, novidades podem aparecer por lá...(risos)

Além do GOG quais foram suas principais influências? Quais as sua referências hoje?
É inegável a importância que o GOG tem não só pra mim, mas para todo “A Família”, dentro e fora da música. Também não se pode negar o legado dos Racionais dentro do rap nacional. E isso influencia também em nosso trabalho. Mas sempre procuramos construir nossa própria identidade, nosso próprio caminho. E a todo momento somos bombardeados por influência de fora do Rap Nacional. Eu busco muito Marisa Monte, Tim Maia, Raul Seixas, Legião Urbana (principalmente), Arnaldo Antunes, Roberto Carlos, Antonio Marcos, Tom Zé, Cartola, João Nogueira, James Blunt, Radiohead, R.E.M, Tupac, Bob Marley... Muita coisa, muita coisa mesmo! E todos estes nomes eu admiro e gosto não só pela questão musical, mas também pela postura política, pela visão que teen diante do mundo atual

Para você quais são os maiores grupos de rap nacional hoje?
Eu não vejo maiores e menores. Pois existem vários grupos que não são conhecidos pelo Brasil, e fazem um trabalho muito interessante, e até mais contundente do que muitos grupos conhecidos que aí estão. É cabuloso você numerar grupos de rap hoje, porque são muitos, e muitos que eu ainda nem conheço.... Eu posso falar de mim, do meu trabalho, do meu grupo, da minha música.

Implicação Marginal Você acredita que ainda existe um intuito social no universo hip-hop? Se existe, qual o papel do rap nesse contexto?
Eu acredito que exista sim, mas é pouco exercido. Como eu disse na pergunta anterior: não posso falar pelo Hip-Hop como um todo, mas vejo aí, uma certa necessidade de se compreender melhor o que de fato é o social e o que é o assistencialismo. O Hip-Hop exerce um poder muito grande nas periferias, uma comunicação em massa, e esta comunicação não pode ficar restrita somente à música e aos shows. É preciso que haja aí, um compromisso direto com a comunidade, uma mudança de comportamento perante a comunidade. Claro que isso não precisa necessariamente ser levado para os palcos, ou para as músicas, mas se o Rap Nacional fala tanto em união e em justiça, ele não pode ser desunido e ele não pode ser injusto.

O que você entende como Rap alternativo "underground"? Porque o Rap se dividiu?
O que eu entendo, não é o que de fato é. Pois underground é o rap todo como fora de circuito, mas este também possui o seu circuito, possui o seu mecanismo, sua articulação de shows. Na realidade, me pergunto: quem está fora do circuito? Que circuito é este? Porque ouço falar que o rap tido como tradicional é o que fala de violência, o rap dos bailes fala de festa e mulher, o rap difícil é o politizado, o que prega a salvação é gospel e o que está fora disso tudo é underground... Se você parar para pensar, o Rap Nacional pode sim, abordar todos estes temas abandonando rótulos e mantendo sua identidade.


"A Família" como vocês se conheceram?

(risos) Cara, esta pergunta nos persegue. Podemos dizer que somos quatro neguinhos do interior paulista e capital, fruto de um grupo de estudo coordenado pelo Poeta, que se uniu para fazer música e história.

É possível imaginar um trampo solo do "Crônica"?
(risos) “A Família” é um adolescente no meio da selva de pedra da música. Descobrindo o que as pessoas precisam ouvir. Ainda é muito cedo para se imaginar um terceiro disco do grupo, ainda mais imaginar um solo do Crônica. Tenho meus trabalhos, minha MPB, meu rock n’roll, minhas músicas, mas nada disso me tira dos palcos com “A Família”. Ali eu me sinto livre, coletivo e único. Eu, o público e a música.

Pagar as contas com o Rap, "de um modo geral", realidade ou utopia?
É possível. Mas o Rap não pode se resumir somente aos palcos, aos shows. Temos que ser profissionais na música. Nunca foi fácil pra ninguém. O Rap não fugiu às regras e carrega um peso ainda maior. O de não ser reconhecido e nem tratado como música por muitos. Dentro e fora do mesmo.

Agradecemos sua participação e contribuição, deixe um salve pros fãs do Crônica!!!
Quero agradecer o espaço. Estes são alguns pensamentos que tenho e que fazem parte da minha personalidade. Desejo que minha música possa fazer todos que tiveram a oportunidade de refletirem, se sentirem bem.... Ninguém precisa concordar com tudo o que eu penso, que eu falo ou com que eu canto. Ninguém precisa ficar calado. Precisamos nos comunicar e construir o novo. Uma nova maneira de agir diante da realidade que a gente sabe que é difícil, que às vezes castiga, mas que a gente ainda persiste em ser feliz, persiste em dias melhores. Não há vitória sem luta! A minha música já não é mais minha, é nossa. Obrigado.
Crônica Mendes – “A Família”. Deus abençoe...

Saiba mais sobre o grupo “A Família” acesse o site oficial: www.afamiliarap.com.br

Fonte: www.implicacaomarginal.blogspot.com

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