segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Nascimento

Nasci perseguido pela pressa e estancado pelo choro.
Quando meus olhos ganharam o mundo,
logo o mundo se fez de silabas e cores que me faziam rir.
Com o passar dos dias fui me sentindo em casa, mesmo estando estranhamente cercado de figuras e figurinhas, que se destacavam ao longo dos anos.
Sempre imaginei as maravilhas dessas figuras e figurinhas, como se fossem um almanaque de aventuras. Mas como o é preciso seguir em frente, tudo foi se esclarecendo em preto e branco.
Nada de colorido, nada de maravilha, nada de almanaque. Figuras e figurinhas caindo, pura vida real.
Mas eu preciso crescer, criança não vive apenas sonha.
Então, que cresçam logo as crianças.
Conhecer o mundo, descobrir o Brasil...
E agora, o que é que eu sou?

Quando criança a gente sempre fantasia o futuro...
Carros que voam, cura de doenças...
Quando adulto, conhecemos o futuro...
Guerras, novas doenças, e um futuro novo criado ainda mais longe.

Mas crescer em meio a tantos futuros, acaba se tornando um presente amargo.
Diante disso, deixo o passado lapidar o Hoje, para que amanhã eu possa continuar sonhando.
Me sinto em contradição neste exato momento, e me permito sonhar como homem, ainda que a criança em mim não morra diante de minha velhice.

Nasci perseguido,
Cresci mirabolando a vida.
Vivo sonhando no apetite de lutas entre os dias

Hoje, já sendo alguém, continuo sendo perseguido por causa de minha fala verborrágica. E quando percebo o tempo que passou, me vejo á perguntar:
Quanto tempo temos?
Feto perseguido, amargo sentido por cordão umbilical, toda droga da realidade que entristecia minha mãe. Isso me causava pressa.
O vômito não era meu nojo, era o caos.
O enjôo, não era minha culpa, era resultado da atmosfera e decomposição.

Será que já nasci, ou continuo no útero brincado de ser grande?
Será que somos nação, ou continuamos brincando de ser soldados?

Tenho janeiros e janeiros, dezembros e dezembros, mas não tenho as chaves dessas portas que todos falam que devem se abrir.
Seguindo,
assim eu fui seguindo...
Viver o sabor da infância, sobreviver as frustrações da juventude e amadurecer com o tempo, sem deixa-lo apodrecer minha memória e meu coração.
Seguindo,
assim eu vou seguindo...
Ser grande, nem sempre é ser humano, mas que cresçam logo as crianças, mas não cresçam antes do tempo.

por Crônica Mendes.

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