segunda-feira, 1 de março de 2010

Ninguém foge da escrita


Ninguém foge da escrita

Dentro de uma gaveta quando você puxa
Ela sai.
Debaixo da cama do lado do chinelo de correia azul
Ao calçar entre os dedos,
Ela escapa pelo mindinho.
No ônibus,
Quando você olha pela janela
Nos muros, nos papeis entregues a você
Enquanto passa no meio da multidão.
No anuncio de bar
Ou num olhar qualquer a sua frente,
Ao lado... Ou quem esta vindo.
No parachoque do caminhão que passou,
Já foi...
No vidro do carro,
Dizendo algo engraçado, trágico.
Se não fosse cômico.
Aqui, bem aqui perto de você.
Nas bancas, entre as revistas.
Nas mensagens que chegam ao teu celular
Nas nuvens, onde você vê
E costuma brincar.
Procura-se
O que você pode enxergar?
Na carta que você recebeu semana passada.
Na resposta que ainda não retornou.
Leva saudade e traz conforto,
Quem tentar fugir,
Chama-me para escrever sobre a fuga inútil.
Virou a esquina e não viu ninguém,
Mas leu sobre a vida de antes
E de agora.
Não pode ser coerente, não tem o domínio.
Então se calou para não ser refém do que disse antes.

por Crônica Mendes

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