quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O menino que quis roubar o Sol


O menino que quis roubar o Sol

Teve um menino que quis roubar o Sol,
tentando alcançá-lo subindo no alto do morro.
Pelejando ladeira acima, e o suor escorrendo rosto a baixo num animo que disfarçava o cansaço.
Descalço, por entre os dedos, pequenas pedras se abrigavam e de vez em quando o desconforto lhe roubava alguns preciosos minutinhos, tirando-as dali.
O morro que de longe parecia pequeno, de perto era gigante tão quão a fantasia do menino.
Dizia que ia colocar o sol num pote de vidro e levar para casa na esperança de aquecer o coração frio e bruto do pai, aquecido até então pelos goles.
O mapa da escalada, desenho colorido, havia ficado lá em baixo nos primeiros passos.

Pensava:
Mapa pra que, é só subir reto.

Começou cedo, mas o tempo diminuía logo a luz se tornou trevas e o menino se perdia. O sol se foi, veio à noite.
Ao chegar ao alto do morro, descobriu a Lua e se apaixonou, sentiu-se feliz com a primeira madrugada em claro. Depois adormeceu ali, onde mais tarde foi acordado pelos primeiros raios de sol da manhã, como quem dizia:

- Bom dia menino.
- Bom dia, dia.

Todo feliz, a decida do morro foi bem mais rápida e embalada que a subida.
Ao chegar em casa foi recebido com um forte abraço do pai, que num ato de desespero havia prometido a Lua que iria para de beber se ela devolvesse seu filho.
Assim foi.
Essa é a história do menino que quis roubar o Sol e encontrou a Lua.

Crônica Mendes

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