sábado, 28 de novembro de 2009

Leia-me


Leia-me

Um amigo certa vez me disse
Quando a gente nasce,
Nasce também um livro.
Em cada pagina, um dia.

Logo de cara
A capa é dura
Nada em branco,
Alguns trechos já estavam lá
Antes mesmo de você
E eu.

A cor da escrita não é a mesma
Que a dos teus olhos.
Mas as lágrimas que o molham
São as tintas que o descrevem.
Em cada parágrafo

Uma forma de se expressar
E cada expressão errada,
Nada de borracha
O dia longo
E a vida é elástica.

Teus subtítulos são os que vêm e vão pra você
Seja algo ou alguém
As observações,
Observa-se que são nada demais.

Não tem segredo
Nada está sublinhado,
Nem encostado.
Como a vida é longa
A história às vezes cansa
E se aposenta.

Mas a escrita continua,
Narrando o “depois disso”
Se tiver algum problema com isso
Vire a pagina.

Não se perturbe, nem pontue tudo que tem de fazer
Deixa a vida escrita fluir.
Leia o dia a dia e compartilha isso,
socialize

Comunique-se...
Não fiquei esquecido
no canto da vida
no canto da estante.

Procure-se
Se encontre
Leia-se

por Crônica Mendes

Um comentário:

Samanta Biotti disse...

Oi Cronica, como não comentar Né?!
Muio bom!

Páginas em branco calam o pudor de uma voz padronizada e o padrão não se limita na razão, a caneta tem piloto e corre muitos Km por hora, explora cada linha e espaço, no tempo escasso de sorriso ela desmancha, mancha de vermelho depois colorido e por fim azul, aceita tudo e onde não apaga fica a verdade dos contrastes, tensão 110 e 220v se unem num tom dramático, a vida vivida no acaso nem sempre terá compasso.