terça-feira, 30 de junho de 2009

A Nelson MaKa


A Nelson MaKa.

Irmão, o campo nosso é esse,
esse a qual estamos caindo uns e levantando outros,
mas é chegada a hora de ausentar a queda.
Separados somos alvos fáceis
e se a luta é a mesma
então somos uma,
uma legião em campos dos pensamentos libertários,
da arte como música despertando o subconsciente adormecido pelas canções de ninar capitalista.
O campo dessa batalha é nossa terra,
e nossa gente não há de ficar somente vitimadas.
Temos que debater sim, tem de acirrar o diálogo na questão da educação, da violência, dentre outras tantas deselegâncias que somos vítimas.
Estou ai pro diálogo,
pra ações...
No aprendizado nosso de cada dia e na disposição da noite.

Admiro tua escrita e tua pessoa, vinda a mim pelo Gog e pelo pouco tempo aproveitado por mim em te observar,
mas como bom observador, minha admiração por você é direta,
ou melhor, é esquerda,
esquerda do coração.
Gog, é nosso, nosso em coletivo...
um ótimo amigo e um grande falante ao som do despertar de minha mente.
Cada palavra tua, Maka, tens minha reciprocidade.

Forte abraço meu amigo.

por Crônica Mendes
Texto retirado de meu acervo - Essa Gente Nossa espalhada pelo Mundo.

Confira o Blog Gramática da Ira

Um comentário:

Nelson Maca disse...

A caminho de Palmares

Salve salve, Crônica Mendes,
antes de tudo, depois de mais nada, muito obrigado pelas palavras a mim dedicadas, Irmão. Gostaria, por conta própria, e em exercício de coletividade, de estendê-las a todas as pessoas que se entrecruzilham em nossas demandas de remanescentes dos Guerreiros Egípcios das primeiras eras negras, fortes e livres de toda humanidade conhecida. Nós, que nos reconhecemos reminiscências dos etíopes, que nos queremos Imperadores de nós mesmos, Negus da reabertura de nossos caminhos. Cada encontro, cada chegada, cada aliança estabelecida amplia nossa força, amplia nosso grupo, fortalece nosso fronte; aliás, por ora, única via em possibilidades de superação dos conflitos do nosso povo. Não digo de um ou outro de nós, assinalado pelo maus espíritos que nos cercam, para adentrar os castelos e sentar à mesa dos opressores como aqueles porcos da Revolução dos Bichos. Falo da cumplicidade de nós mesmos - sem precisar trocar, alugar, vender nossa verdade anterior, nossa vida interior. Sem trocar cabeças, sem alugar mãos, sem vender nosso sexo e nossa música, nossos braços e nossa alegria, sem almejar as migalhas que sempre nos oeferecem em troca de confissões cordiais e delações premiadas - e que muitos aceitam galantes.

Crônica, tenho escrito sobre isso tudo... Parece papo de escritor maldito, eu sei, mas minhas palavras me maltratam! Minha poética quer mexer nessas coisas impróprias. Não quer deixar de apontar o inimigo de fora, não!, mas também procura mexer na interpéries por dentro do grupo, nas trovoadas e chuvas fortes de nosso próprio corpo individual. É foda admitir, mas uma parcela do problema reside em nós mesmos. O trabalho maior no combate às forças que fundam e querem eternizar nossa mutilação exige que olhemos, também, para dentro de nós: no grupo e na alma de cada um. Frantz Fanon já apontou os caminhos de nossa mutilação de exilados na própria terra e nossas peles pretas de almas brancas.

Por isso devemos aprender a dizer não.. Porque, cada vez que esboçamos uma reação menos adocicada e complacente (que nunca será - de fato - reação!), eles nos estendem uma nota de cem, a capa do jornal, um minuto na tv, um prêmio especial, e até mesmo aqueles amores impossíveis! E nossa arte vai por água abaixo, vai para o ralo, vai para o mercado com chances em fim, mas não mais com a nossa cara, com nssa finalidade. Vai, sim!, com as máscaras da cara do consumidor.

Não é fácil, Irmãzinho! Por isso nossa arte nos palcos, nos livros, nas telas, nos muros, no solo, no corpo, deve ser tão bélica como a tropa no "fronte do campo de confronto". Para mim, muitas vezes, uma arte sem chance, eu sei; mas, para mim, ainda assim, muitas vezes, uma arte sem negociação!

Sei que você me entende. Sei que você sabe até aonde vai os fatos e até aonde vai a poética e a retórica do que escrevo. Sei também que você sabe que, em mim, tudo tem o mesmo peso e valor: a dor pode ser bela, a beleza pode ser triste, a vida pode estar fora do texto, a morte pode gerar versos. Mas não há fronteiras no todo. Não escrevo porque vivo; vivo intensamente no que escrevo! E escrevo como Preto Rebelado descendente de escravos fugidos!

Enfim, lendo seu texto a mim dedicado, resolvi responder como fiz acima! Sem reivindicações ou uma pauta antecedendo a escrita. Apenas aberto aos desdobramentos concretos que brotam dos encontros na luta.

Também lembrei muito de um poema meu (longo) que sairá no meu futuro livro impresso (pronto na gaveta), "Gramática da Ira". Vai aí um fragmento que nos pertence e muito obrigado pelo reconhecimento da minha pessoa e dedicatória do seu texto.


A Caminho de Palmares

“ [...] Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos! [...]”

Nelson Maca